terça-feira, 22 de março de 2011

O cavalo encantado

Contam que antigamente, viviam no sertão nordestino dois amigos bem afeiçoados, Antônio cabra macho, trabalhador, inteligente e conquistador e seu amigo Pedro, um cabra corajoso, bonito, forte como um fiapo de linha e namorador.
Os dois amigos inseparáveis são companheiros e bons de caçadas.
Os dois se apaixonaram por Mariquinha, moça feiçosa, trabalhadeira e doida prá casar. A única coisa que os dois não faziam juntos era paquerar Mariquinha, iam em horários diferentes, tentando se esconder um do outro, cada qual se enfeitava para parecer forte, valente e bonito.
Levavam os mais raros presentes para conquistar aquela donzela, linda que dá dó. Tentava cada qual a seu modo, chamar atenção da linda moça e conquistar seu coração. Depois de muito tempo nessa luta dos dois, mariquinha escolheu o Pedro para ser o dono de seu coração. A felicidade dos dois começou a fazer mal a Antônio, e sua tristeza por não ter conquistado a donzela se transformou em ódio contra o antigo companheiro.
Antônio passou a viver triste, mal humorado, amargo e planejando formas de se vingar, com inveja da alegria dos namorados.
Começou a por em prática o seu plano traiçoeiro, e foi conquistar a amada do seu antigo companheiro com os mais raros e lindos presentes. Ela agradecia sorridente e gentil os presentes, mas continuava firme o seu amor por Pedro, o seu príncipe encantado.
Antônio triste ao voltar da casa de sua amada, avista o mais lindo alazão, e pensa que com esse lindo cavalo conquistará Mariquinha. Preparou o laço para capturar o cavalo imaginando que ele ia fugir a galope pelas caatingas do sertão, mas qual foi a sua surpresa, o cavalo nem se mexeu, ficou parado sem demonstrar medo, imponente e sereno aguardando a sua captura. Animado o rapaz preparou o animal e partiu em disparada:
_Vamos meu amigo, vamos derrotar aquele traidor.
O cavalo já galopava e o rapaz, feliz, sentindo o vento no rosto, o cheiro forte do mato e de poeira, quando de repente, sem perceber como, o animal girou no ar em grande velocidade e disparou em direção do Rio São Francisco. Voava. O rapaz puxava desesperado as rédeas, sem que o animal lhe obedecesse:
_Ôooaa! Calma, amigo! Devagar! Ôooaa!...
Mas sua tentativa de acalmar o animal não adiantou. A docilidade do cavalo havia desaparecido, e ele agora parecia tomado de fúria. Então ele percebeu que aquele animal estava ali para impedi-lo de destruir o amor verdadeiro entre a moça formosa e seu amigo.
O rapaz se acalmou e se entregou ao seu cruel destino, num segundo, o cavalo chegou ao Rio São Francisco. O cavaleiro agarrado em seu pescoço desapareceu nas águas escuras.
Nunca mais se teve noticias do cavalo e nem do cavaleiro, contam uns, dizem que em certas noites escuras, quando o vento sopra forte, o viajante que passar pelo rio, lá pros lados do agreste pode ver um jovem forte e belo cavalgar sobre as águas num cavalo encantado.
Enquanto isso, Mariquinha e Pedro vivem a festejar seu amor nas festas juninas.
(Sônia Junqueira)
Adaptação: Luciaria, Jairo e Israel

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